segunda-feira, 20 de junho de 2011

Avaliação da prova do MPF – 25º Concurso para Procurador da República

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer aos diversos comentários elogiosos que recebi ontem e hoje, sobre as postagens e as posições do blog. Como sempre disse, a única pretensão desse espaço é ajudar as pessoas que se esforçam, muitas vezes com muito sacrifício pessoal, para passar em um concurso público. É bom, digo e repito, receber essas manifestações de apoio.

Já defendi aqui que uma das melhores formas de aprendizado é refazer a prova, entendendo os motivos dos acertos e dos erros. Pretendo seguir minha própria indicação e fazer isso aqui no blog, de duas formas: primeiro, vou avaliar, desde já, os erros e acertos das dicas dadas aqui, assim como minha impressão geral sobre a prova. Depois, assim que tivermos acesso à prova, farei um comentário mais específico das questões cobradas. Observem que essa segunda parte interessa não apenas aos que se direcionam ao MPF, mas a todos os estudantes, de modo geral, uma vez que os temas têm se repetido em concursos diversos.

Vamos, então, à primeira parte: minha impressão geral da prova. Excetuada a questão do direito internacional, que abordarei abaixo, achei a prova melhor que a do 24º. Concurso. Na verdade, não sei bem se esse é um bom parâmetro, já que tenho muitas críticas também à prova anterior, muitas das quais já expostas aqui. Mas algumas coisas me pareceram melhores. Direito constitucional, sem dúvidas. Menos despropósitos que na prova passada. Caiu bastante ambiental, o que se coaduna com a atuação do MPF hoje. Então, nesse aspecto, achei a prova boa.

Mas, vamos às críticas. A primeira, é claro, ao Internacional. Ficou evidente, em primeiro lugar, que a profundidade dos conhecimentos e o número de questões são incompatíveis com a função do MPF, que atua nessa matéria de modo esporádico. Em segundo lugar, o MPF se tornou, acreditem, sem força de expressão, o concurso que mais cobra direito internacional no Brasil. Mais até que o Instituto Rio Branco! Em terceiro lugar, a retirada de dez questões de cada grupo para criar o grupo do internacional espremeu demais as outras matérias, especialmente nos grupos 1 e 3, que tem, respectivamente, 6 e 4 matérias, respectivamente (lembrem-se: Constitucional e Metodologia, Tributário e Financeiro, Administrativo e Ambiental no grupo 1, e Consumidor, Econômico, Civil e Processo Civil no grupo 3). Quase não caiu direito administrativo, matéria relevantíssima, e bem pouco direito do consumidor, já que essas matérias não eram da preferência dos respectivos examinadores, que também tinham poucas questões para elaborar.

Enfim, confirmou-se a dica sobre a qual eu mais insisti (pelo menos 3 vezes) de que o internacional seria o fiel da balança no concurso. A prova foi profunda e, quem de fato não se dedicou, acredito que terá poucas chances de fazer os 50%. Eu disse em minha análise “Ele não é um examinador brando” e “não vai aliviar”. Nesse ponto, devo admitir, sem modéstia: o blog acertou em cheio.

Outra dica que dei e que quem seguiu se deu bem foi a de que o examinador de administrativo era afeito à matéria ambiental. Caíram muitas questões, mais que em qualquer outro concurso. Quem deu ênfase ao ambiental, garantiu uns bons pontos. No post das 36 horas (que está aí abaixo) eu disse que as duas matérias, em ordem de prioridade, para estudo eram: 1) Direito internacional; 2) Direito ambiental.

Também considero que acertei em relação ao examinador de consumidor. Pelo que soube, caíram mais questões de econômico, área de sua atuação, que propriamente de consumidor. 3 pontos para o blog.

Também vou dar mais um ponto para o blog na avaliação sobre a prova de civil. Caíram, como eu disse, questões sem qualquer relação com o MPF, como parentesco etc. Sobre a prova de processo civil, a avaliação que faço, do que ouvi, é: prova com pouca profundidade teórica (o livro do Marinoni não respondia a nenhuma pergunta) e sem muita aplicabilidade prática. Por fim, acho que o blog também merece crédito pela avaliação da prova de eleitoral. Pelos comentários dos candidatos com os quais conversei, a prova estava bastante simples, como eu disse que seria. Errei, entretanto, na questão da ficha limpa, que não foi cobrada.

Em constitucional, acho que o blog acertou parcialmente. Caíram várias questões sobre multiculturalismo, mas apenas uma inteira sobre índios, a qual, aliás, está no meu livro. Mas eu esperava mais. Me disseram, contudo, que o livro também ajudava com algumas questões conceituais (multiculturalismo) e com algumas assertivas de algumas questões. Mas, insisto, eu esperava mais, embora, ressalto, tenha gostado da prova, que me pareceu com uma orientação muito melhor que o sentido anterior, que havia sido extremamente teórica. Também me consolo com o fato de que quem se deu ao trabalho de ler meu livro também garantiu uma questão inteirinha no grupo da morte do internacional, sobre a normatividade da Declaração da ONU sobre os direitos dos povos indígenas. E, nesse grupo, uma questão pode valer ouro. Ainda assim, aqui vou tirar um ponto do blog. 
 
Enfim, que conclusão se poderia tirar de tudo isso? Fico satisfeito, em primeiro lugar, porque quem se dedicou à leitura do blog foi mais ajudado que atrapalhado. Isso é uma alegria e um alívio. Pelo menos, justifiquei o tempo que vocês perderam aqui: o blog acertou duas dicas que me parece terem sido centrais para um bom desempenho: foco, antes de tudo, no internacional e, em segundo lugar, no ambiental. Ainda consegui fazer uma boa leitura, mesmo que parcial, de algumas das demais provas. Considerando que essa “ciência” de palpitar sobre conteúdo de provas é bastante inexata, acho que o resultado é satisfatório.
 
E sobre a prova? Em síntese final, eu diria que, desconsiderados os altos e baixos normais em qualquer concurso, esse será marcado pela questão do internacional, tal como o 24º foi marcado pelo Constitucional. Mesmo com todos os alertas que dei, era difícil que, com tanta matéria, alguém se aprofundasse tanto nisso. Foi o grande ponto negativo, acho que será a matéria que mais reprovará e, pior, sem que isso signifique que quem não passar não seria um bom procurador da República. Torçamos para que o MPF reveja isso em seu próximo exame.  Por hora, vamos refazer a prova e tentar tirar lições para os concursos futuros, não só do MPF, mas de outras instituições.

7 comentários:

  1. Professor,
    o sr. poderia falar sobre o início de um programa de estudos nesse momento para o 26º, pois acredito que, assim como eu, muitos colegas se sentem perdidos com o tamanho do edital e com o grande espaço de tempo até o próximo concurso. Fiz essa prova apenas para treinar, já que ainda não tenho os três anos de prática jurídica. Meu verdadeiro objetivo é o 26º. Um outro problema é a possibilidade de focar o MPF com outros concursos que surgem ao longo do caminho, como magistratura federal e estadual, procuradorias etc.
    Obrigado pelas dicas.
    Um abraço.
    André

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  2. Parabéns pelos acertos, isso mostra o quão "afinado" com as tendências está o senhor.
    Espero que, após o MPF, o senhor venha a abordar outros concursos, principalmente os da magistratura federal.
    Abraço.
    Arnold Paulino.

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  3. Prezado Dr. Edilson,
    Não tenho palavras para descrever o quanto o seu blog tem ajudado a nós, concurseiros, nessa árdua caminhada rumo à aprovação.
    Muito obrigado por cada palavra de incentivo, por cada dica postada, pelas suas avaliações de questões, de provas etc, enfim, por tudo!!!
    Esse espaço é SENSACIONAL!!!
    Prestei a prova do 25º MPF e achei a mesma extremamente difícil além de muito bem elaborada e, como a grande maioria, senti muita dificuldade em Direito Internacional.
    Bom, vamos, agora, aguardar o gabarito e já começar os estudos para o 26º!!!
    Muito obrigado por tudo e um grande abraço!
    Que sua jornada dentro do MPF seja ainda mais e mais iluminada!
    Leonardo

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  4. O pior é que, mesmo sabendo que esse seria o 'fiel da balança', li o calhamaço do Portela inteiro, cabo a rabo, o livro de responsabilidade internacional do procurador André Carvalho Ramos e trechos da Piovesan. Apesar disso, a prova revelou-se-me, no grupo II, exorbitante, de modo que não sei se farei o mínimo exigido no grupo.

    Não, eu não estou colocando a culpa no examinador, nem tampouco adotando a lógica do fatalismo: se eu não for para a 2ª fase, é por demérito meu, e não por culpa do examinador. Eu é que devo adaptar-me à prova , não o inverso. Se Eugênio Aragão exorbitou , ou não,todos os limites, isso não é problema meu. Só posso me preocupar com as coisas sobre as quais tenho controle.

    Ademais, apesar de constitucional ter se apresentado bem mais consentânea que as questões que vi do 24º concurso, algumas eram demasiado amplas e, na minha modesta opinião, tinham mais de uma resposta correta, onde vc deveria assinalar a MAIS CORRETA - ou seja, adivinhar o que passou pela cabeça da examinadora.
    Enfim, resta esperar o gabarito , e, após, a lista com os nomes. Se passarei, ou não, são outros quinhentos. Não obstante, estou com a sensação de dever cumprido, pois, conforme você ressaltou em outro post, a missão do estudante é ter feito o seu melhor, o que foi feito por mim, considerando meu tempo de formado e o que dispensei a esses concursos nos últimos meses.

    Por fim, agradeço-lhe pelas dicas, despidas de vaidade, dadas por você, que me ajudaram bastante, independentemente de qual venha a ser o resultado da prova.

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  5. Muito obrigado pelas preciosas dicas que o senhor compartilha no blog. Embora eu ainda seja um recém-formado bacharel aspirando ao início da contagem da atividade jurídica(estou estudando para passar em algum cargo público nesse sentido), tenho o MPF como meta final. Sei que ainda tenho um caminho longo a percorrer, mas creio que o blog vá me ajudar muito nesse sentido.

    Aguardo ansioso os comentários sobre a prova. Mais uma vez fica aqui o meu agradecimento.

    Abraços,

    Alex

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  6. Brilhante esta publicação!!!
    Continue sempre nos auxiliando Dr.
    Abraços,
    Eduardo

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  7. Professor, corrigi minha prova pelo um WEB GABARITO postado no Correio Web, fiquei por duas no grupo I e duas no Grupo II. Há chances de anularem questões e eu ainda conseguir entrar, já que me dei super bem nos outros Grupos. O senhor poderia fazer uma análise nestes dois grupos e ver quais questões tem chances fortes de poderem ser realmente anuladas por terem duas respostas corretas(divergências), ou redação truncada etc. O que achas? Vi que nos concursos anteriores do MPF tiveram anulações, cujos números variaram de 04 a 12 questões.Não precisa postar esta minha resposta, até porque acho que tem algumas pessoas nesta mesma situação, se o senhor responder no geral, ajudará muita gente perdida.
    Grato.

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