terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Sobre o Natal e os concursos


Pode parecer que não, mas o Natal e outras datas festivas têm muito a ver com a preparação para os concursos públicos. É que nessas épocas nossa sociedade tradicionalmente valoriza a reflexão, o "pensar na vida" nesses momentos do ano. E isso, para quem acumulou esforços e, eventualmente, resultados negativos ao longo dos últimos meses, pode ser muito doloroso. 

Por isso, minha sugestão é fazer o contrário disso. Esse não é o momento de avaliar como foi o seu ano enquanto candidato. Não é o momento de pensar o que deu errado ou quais as razões dos seus resultados. Auto avaliação é, na minha opinião, uma das coisas mais importantes que um candidato tem a fazer quando é reprovado. Mas não agora. Deixe para pensar nisso em 2014. 

Nessa contexto, vou repetir meu conselho de todos os anos: a não ser por aqueles que, tal como os meus alunos do MPF e da Magistratura, estão a caminho de uma prova oral, agora não é o momento de estudar. Como diria meu querido avô, que tive a infelicidade de perder neste ano, "quem não se contentou com comer, muito menos com lamber". Se você levou os estudos a sério o ano inteiro e não tem uma prova iminente, estudar agora não resolve nada. Se você não estudou, não adianta agora entrar em crise e levar o vade-mecum para a ceia de Natal. Isso não vai adiantar nada, só vai servir pra você se estressar. 

Desejo a todos um feliz natal e aproveito a oportunidade para agradecer a atenção, o carinho e, especialmente, o valioso tempo que vocês dedicaram a mim durante este ano. Espero que tenha valido a pena.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Como dividir o tempo durante as provas

Muitas coisas que acontecem na minha vida acabam me afastando um pouco do blog. Uma delas foi recente e, antes de falar sobre ela, gostaria de agradecer a todas as pessoas que reclamaram e vociferaram contra a minha ausência. Fico realmente lisonjeado que haja tanto interesse no que eu tenho a dizer.

O que aconteceu é que, como sabem, estou cursando o doutorado na UFPR e pretendo realizar uma parte da pesquisa nos Estados Unidos, uma vez que meu tema são as class actions. O problema é que, para ir na condição de visiting researcher, ou seja, de modo oficial, é preciso prestar o exame do toefl e obter pelo menos 100 pontos, em um total de 120. É uma nota bastante alta.

Para encurtar as coisas, eis-me, mais uma vez, fazendo um concurso. Estudei inglês durante muitos anos, mas há muitos anos atrás. Então, estava enferrujado. Primeira providência, cursinho. Achei que, para pegar o ritmo novamente, precisava de um professor. Acho que isso vale também para concursos, mas farei um post específico sobre esse assunto nos próximos dias. 

Fui fazer a prova e a primeira parte dela é a leitura. É a parte que, de longe, considero mais fácil. Então, comecei tranquilo, fui lendo os textos sem grande pressa. Sabia que essa parte estava no papo.

Só que eram 42 questões, para serem respondidas em 60 minutos e elas se referiam a 3 textos diferentes. Quando me dei conta, ainda tinha mais de 20 questões para responder e um texto inteiro para ler e faltavam menos de 20 minutos. Fiquei totalmente desesperado. Essa prova é feita no computador e fica um relógio regressivo na tela. Eu só conseguia olhar no relógio. No final, tive que chutar umas 8 questões sem nem ler o que estava escrito.

Parafraseando a propaganda do Pelé, isso nunca tinha me acontecido antes. Fiz dezenas de provas de faculdade, concursos públicos, seleção de mestrado e doutorado e nunca, nunca tinha tido problemas com tempo. Foi, confesso, um grande trauma.

Essa situação me fez pensar na dificuldade que muitas pessoas têm com o tempo nos concursos e da necessidade de lidar com isso. Na primeira etapa do MPF, que são 120 questões em 5 horas, muitas pessoas já me disseram que tiveram que chutar as últimas questões por falta de tempo.

Acho que a experiência negativa que tive é extrapolável para a maioria das situações: quem tem problemas com o tempo nos concursos é porque dá bobeira no começo. Acha que tem que ler tudo com muita calma e pensar bastante antes de se decidir. No final, acaba sendo obrigado a correr.

É preciso ter consciência de que as questões têm valor igual. Não adianta pensar longamente em uma só para ter que chutar a outra depois. Na minha opinião, a solução para esse problema é matemática. É preciso dividir o total de questões da prova pelo tempo, dar uma margem de erro, especialmente para passar o gabarito e fazer acompanhamentos parciais.

Vou dar o exemplo com o MPF. São 120 questões e 300 minutos. Vamos tirar 30 para o gabarito. 120 questões em 250 minutos. Isso significa aproximadamente 2 minutos por questão. Então, ao final da primeira hora ou, no máximo, aos 70 minutos de prova, você deve ter terminado 30 questões ou 1 grupo inteiro. Assim, você terminará a prova toda entre 4 horas e 4 horas e 40, com tempo bastante para passar o gabarito.

Mas o importante é manter esse controle durante toda a prova e se perceber que está atrasado, começar a tirar o atraso desde cedo, sem deixar que ele se acumule no final. Acostume-se a monitorar a si mesmo e esse problema vai acabar. 1ª hora: 30 questões. 2ª hora, 60 questões e assim por diante. Não se deixe dominar pela prova. Domine-a.

Sei que muita gente vai dizer que isso é óbvio. Garanto que para quem já esteve na situação em que eu estive recentemente, chegando ao final de uma prova e, sem saber a razão, com inúmeras questões ainda por responder, isso não é nada óbvio. Só quem viveu sabe o desespero que é. A solução pode ser simples, mas o problema é muito sério. É preciso compreender que você não pode fazer a prova no seu ritmo. Cada prova tem um ritmo e você precisa se adaptar. No meu caso, eu deveria ter respondido uma questão por minuto, deixando o tempo extra para as mais difíceis. É muito pouco tempo, mas se eu não adaptar meu ritmo à prova, jamais serei capaz de fazê-la adequadamente.

P.S.: No final das contas, recebi o resultado hoje e marquei 113 pontos no teste. Bem mais que o necessário. Mas isso não tirou a sensação de desespero do momento.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Resultado da 2ª etapa do concurso do MPF

Essa semana tivemos o resultado da prova aberta do 27º concurso para Procurador da República. Foram 79 aprovados e está correndo o prazo recursal. O resultado ficou dentro do previsto. O número de vagas abertas até então é um pouco menor do que isso e o número é compatível com o que tivemos nos dois concursos anteriores. Pelos contatos que já tive com os candidatos, os grupos 2 e 3 foram os que mais causaram problemas, em razão do rigor da correção. Quanto ao G3, vou me permitir reproduzir o elogio que recebi de um candidato aprovado: 

recebi a feliz notícia de que fui aprovado na prova discursiva e vou para a prova oral do 27 CPR. Devo muito ao senhor, por sinal, pois o parecer do GIII foi esmiuçado pelo senhor na aula sobre Quilombolas (caso da Ilha da Marambaia/RJ).

De fato, tanto quem assistiu minha aula, quanto quem leu meu livro Estatuto da Igualdade Racial e Comunidades Quilombolas (especialmente páginas 236 a 243), tinha lá, prontinha, a tese principal do caso, que é o julgado do STJ relativo à Ilha da Marambaia. Não preciso dizer que fiquei muito feliz com isso. 

Para quem não passou, eu recomendo que recorram. Recorrer é de graça e o MPF tradicionalmente dá provimento em alguns recursos na segunda etapa (embora poucos). Para quem passou, é hora de pensar na inscrição definitiva (vale a pena dar uma conferida no post  A bíblia dos três anos de atividade jurídica), e, é claro, começar a preparação para a prova oral. Tal como nos dois concursos anteriores, ministrarei o curso para essa etapa em parceria com o Verbo Jurídico. Estamos planejando a primeira turma para o dia 18 de janeiro, uma vez que, quanto mais cedo for o curso, mais tempo o candidato tem para praticar as dicas. Quem tiver interesse, pode mandar um e-mail para daniel@verbojuridico.com.br ou ligar (51) 8142-3797. 

Farei também mais algumas postagens de dicas para a prova oral. Quem quiser, pode ler as que já estão disponíveis no blog para começar a entrar no clima.