Seguindo com as dicas de prova oral, que, reconheço, ficaram paradas algum tempo, motivo pelo qual recomendo que releiam as postagens anteriores: dicas para a prova oral - parte 1 e dicas para a prova prova oral - parte 2.
O assunto que quero tratar hoje é a tal entrevista com a banca. Trata-se de uma fase muito comum nas magistraturas, e é uma conversa com a banca, antes da prova oral propriamente dita. Conversa, na verdade, é modo de dizer. É uma oportunidade da banca te fazer perguntas constrangedoras de caráter não jurídico, que certamente influirão no modo como você será avaliado na prova oral propriamente dita (por mais que digam que não).
Isso, enquanto fase de concurso, é honesto? Não muito. Mas existe? Existe. A primeira recomendação é: responda as coisas com firmeza. Você tem que mostrar que tem postura para ser juiz. Firmeza, entretanto, não significa ser rude, como algumas pessoas acham. Esse é um vício muito comum especialmente em quem presta MP. Pensam que firmeza é sinônimo de rispidez ou de respostas duras. Não é isso que estou recomendando. Estou recomendando que você seja assertivo, não vacile na resposta, não que dê "patadas" na banca.
As perguntas sempre serão constrangedoras. Se focarão em alguma deficiência do seu curriculum, da sua formação, sobre o fato de ser de fora do Estado, de estar prestando também outro concurso, do exercício de sua função anterior, ou de não ter exercido uma função anterior etc etc. É um De frente com Gabi!
Por que você resolveu ser juiz? (por favor, sem resposta de Miss Brasil, do tipo meu sonho sempre foi ser juiz). Porque admiro a função de magistrado e considero que tenho condições de exercer bem a função, apesar de suas conhecidas dificuldades. (também é cabível ressaltar outras características da função, especialmente a imparcialidade, que é mais diferente de outras carreiras).
Você pretende voltar para seu Estado natal? Não, de forma alguma. Sou solteiro (ou sou casado, mas meu cônjuge vai me acompanhar) e pretendo refazer minha vida aqui no Estado (ou região, se for Justiça Federal).
Você advogou mesmo ou essa sua experiência profissional de advogado foi apenas para cumprir o tempo? (a banca sempre sabe quem é concurseiro, mas não assuma!). Efetivamente advoguei no escritório X, embora lá fosse habitual que os advogados mais jovens não assinassem todas as petições. O trabalho da advocacia foi importante para meu amadurecimento profissional e creio que contribuirá para o bom exercício da magistratura.
Você foi advogado público, não acha que que será predisposto em favor da Fazenda? (essa é uma pergunta que pode ter mil versões, baseadas sempre em sua predisposição a decidir em favor de alguém em razão de sua experiência anterior). De modo algum. Meu trabalho sempre foi pautado pela técnica, não pela vinculação ideológica, e é desse modo que pretendo exercer a função de magistrado.
Você também está aprovado para o MPF. Se for aprovado aqui também, qual carreira escolherá? (é claro que você escolherá o MPF, mas...) Com certeza optarei pela magistratura.
E por aí vai. Não se deixe constranger, demonstre segurança.
Por fim, apesar de todas essas dicas, pode ser que essa entrevista acabe. Recentemente, o CNJ suspendeu o concurso do TJSP em razão de irregularidades nessa entrevista. Pode ser o começo do fim, mas minha impressão é que essa entrevista ainda ocorrerá por um bom tempo.