Recebi um comentário muito interessante na postagem
anterior, “Tempos mortos”, que resolvi destacá-lo aqui, já que muita gente não
lê os comentários:
“De fato, no meu
histórico de estudos nesses dois anos pude constatar algo que vai ao encontro
do que relatou. Eu trabalho 8h por dia (9h contando com 1h de almoço. Já sou
servidor, mas de nível médio), ou seja, tenho um tempo bem curto. Durante a
semana, eu me rebolo pra conseguir todas as brechas possíveis pra estudar,
independente do lugar. No meu trabalho eu viajava bastante durante o tempo, ou
seja, quebrava a rotina, mas mesmo assim conseguia bons resultados no estudo
otimizando todos os tempos possíveis. Outro detalhe é que meu trabalho exige
muita produção intelectual, o que quer dizer que queimo muito a cabeça no dia,
o que já me cansa bastante. No entanto, durante esse período (até hoje mesmo),
constatei algo: eu rendo infinitamente mais durante um dia da semana do que no
meu sábado que, em tese, deveria ser livre. Incrível isso! E olha que sou muito
disciplinado!!!! É impressionante como no sábado os estudos andam a passos bem
mais lentos (quando ocorrem a contento) do que em qualquer dia da semana que
tenho bem menos tempo.
O domingo, então, nem
se fala, pois aqui já entra aquela preguiça, enfim.
No entanto, mesmo com
esse cenário, meus estudos da semana já me renderam ótimos resultados em
concursos jurídicos. Estou bem colocado em um de analista (com probabilidades
de ser nomeado ainda esse ano), relativamente bem em outro de oficial de
justiça e mais ou menos em outro de analista, também.
Digo isso não pra me
gabar e dizer que mesmo sem aproveitar o meu final de semana de forma ideal pra
estudar eu consegui bons resultados. Não! Apenas pra relatar que mesmo
encontrando, digamos, obstáculos rotineiros a serem administrados (em relação a
trabalho, viagens a trabalho, ainda o fato de ter que fazer atividades
domésticas, pois não moro com meus pais) eu consegui, com muito esforço, dar um
upgrade em meus estudos, o que me logrou alguns resultados consideráveis.
Vejo colegas meus de
trabalho que moram com os pais (ou seja, não tem atividades domésticas pra
fazer) e não têm namorada pra dar atenção reclamando de falta de tempo pra
estudar, tirando licenças só pra estudar ou outros afirmando que só vão se
dedicar quando tiverem licença, ou forem pra um setor que o permita. Enfim,
isso fica muito claro que tudo vai do "querer" da pessoa, que cada um
se impõe seus próprios "obstáculos". Fato é que ficar esperando a "hora
certa", as condições consideradas "ideais" para se estudar, já
era, é tempo perdido.
Da mesma forma que eu,
existem uma série de outras pessoas que superam todos os ditos obstáculos e
conseguem aprovação em concursos que exigem ainda mais. Na verdade, eu me vejo
ainda com muita sorte, pois apesar do contexto e de já ser casado, ainda não
tenho filhos para ser outro fator a ser administrado na hora do estudo.
Abraços,”
Esse leitor acertou na mosca, e em vários pontos. Eu também
tenho a sensação que o sábado ou, principalmente, o domingo, aquele dia em que
você tem mais tempo para estudar, é o dia que rende menos. Não tem clima. Você
fica ali horas e o rendimento é muito pequeno. É preciso tentar equilibrar as
coisas. Nesses dias difíceis, faça um pacto consigo mesmo de estudar menos
horas, ao invés de se propor a ficar o dia todo, mas de fazer render essas
horas o máximo possível. Essa história de muito tempo acaba significando, muitas
vezes, apenas um aumento do sacrifício, não do benefício.
Também é difícil estudar para quem tem um trabalho que exija
atividade intelectual, como é o caso da maioria. Eu mesmo sinto isso. Tenho que
fazer minhas atividades do doutorado à noite, depois de toda a minha jornada no
MPF. Minha dica é deixar para os dias em que você estiver mais cansado as
atividades de estudo que exigem menos atenção ou são mais dinâmicas, como é o
caso de assistir aulas ou resolver exercícios. A leitura deve ser reservada
para dias em que você esteja melhor, uma vez que ela exige mais concentração.
Por fim, queria fechar com o problema da distribuição do
tempo ao longo do estudo. É preciso que você se organize e, principalmente,
evite desconcentrações. Como nós atualmente estudamos no computador com cada
vez mais frequência, tem-se tornado cada vez mais difícil manter-se
concentrado. É uma olhadinha no facebook, uma mensagem no whatsApp, uma checada
em um portal de notícias. Isso é um veneno! Se você está cansado, faça uma
pausa e depois volte com toda a concentração. Mas não fique “picando” seu
estudo com outras atividades. Pode parecer que só leva um minutinho para
responder a uma mensagem, mas o tempo perdido para a recuperação da concentração
é muito maior.
O mesmo vale para tarefas domésticas. Você até pode
realizá-las durante as pausas, como uma forma de esfriar a cabeça. Mas isso
deve fazer parte do plano. Ficar se interrompendo a todo momento para resolver
isso, fazer aquilo etc. é, do mesmo modo, um problema considerável.
Por último, lembre-se de que a capacidade de absorção do
cérebro é limitada. Já escrevi, inúmeras vezes, que tempo de estudo não se mede
em “horas-bunda”, mas no quanto você aprendeu. Você precisa monitorar o que
está aprendendo ou não para saber a que horas deve interromper o estudo.
Tempo é o seu ativo mais valioso. Cada minuto
perdido significa um grande prejuízo.