quinta-feira, 15 de maio de 2014

Ainda os tempos mortos

Recebi um comentário muito interessante na postagem anterior, “Tempos mortos”, que resolvi destacá-lo aqui, já que muita gente não lê os comentários:

“De fato, no meu histórico de estudos nesses dois anos pude constatar algo que vai ao encontro do que relatou. Eu trabalho 8h por dia (9h contando com 1h de almoço. Já sou servidor, mas de nível médio), ou seja, tenho um tempo bem curto. Durante a semana, eu me rebolo pra conseguir todas as brechas possíveis pra estudar, independente do lugar. No meu trabalho eu viajava bastante durante o tempo, ou seja, quebrava a rotina, mas mesmo assim conseguia bons resultados no estudo otimizando todos os tempos possíveis. Outro detalhe é que meu trabalho exige muita produção intelectual, o que quer dizer que queimo muito a cabeça no dia, o que já me cansa bastante. No entanto, durante esse período (até hoje mesmo), constatei algo: eu rendo infinitamente mais durante um dia da semana do que no meu sábado que, em tese, deveria ser livre. Incrível isso! E olha que sou muito disciplinado!!!! É impressionante como no sábado os estudos andam a passos bem mais lentos (quando ocorrem a contento) do que em qualquer dia da semana que tenho bem menos tempo.
O domingo, então, nem se fala, pois aqui já entra aquela preguiça, enfim.

No entanto, mesmo com esse cenário, meus estudos da semana já me renderam ótimos resultados em concursos jurídicos. Estou bem colocado em um de analista (com probabilidades de ser nomeado ainda esse ano), relativamente bem em outro de oficial de justiça e mais ou menos em outro de analista, também.

Digo isso não pra me gabar e dizer que mesmo sem aproveitar o meu final de semana de forma ideal pra estudar eu consegui bons resultados. Não! Apenas pra relatar que mesmo encontrando, digamos, obstáculos rotineiros a serem administrados (em relação a trabalho, viagens a trabalho, ainda o fato de ter que fazer atividades domésticas, pois não moro com meus pais) eu consegui, com muito esforço, dar um upgrade em meus estudos, o que me logrou alguns resultados consideráveis.

Vejo colegas meus de trabalho que moram com os pais (ou seja, não tem atividades domésticas pra fazer) e não têm namorada pra dar atenção reclamando de falta de tempo pra estudar, tirando licenças só pra estudar ou outros afirmando que só vão se dedicar quando tiverem licença, ou forem pra um setor que o permita. Enfim, isso fica muito claro que tudo vai do "querer" da pessoa, que cada um se impõe seus próprios "obstáculos". Fato é que ficar esperando a "hora certa", as condições consideradas "ideais" para se estudar, já era, é tempo perdido.

Da mesma forma que eu, existem uma série de outras pessoas que superam todos os ditos obstáculos e conseguem aprovação em concursos que exigem ainda mais. Na verdade, eu me vejo ainda com muita sorte, pois apesar do contexto e de já ser casado, ainda não tenho filhos para ser outro fator a ser administrado na hora do estudo.
Abraços,”

Esse leitor acertou na mosca, e em vários pontos. Eu também tenho a sensação que o sábado ou, principalmente, o domingo, aquele dia em que você tem mais tempo para estudar, é o dia que rende menos. Não tem clima. Você fica ali horas e o rendimento é muito pequeno. É preciso tentar equilibrar as coisas. Nesses dias difíceis, faça um pacto consigo mesmo de estudar menos horas, ao invés de se propor a ficar o dia todo, mas de fazer render essas horas o máximo possível. Essa história de muito tempo acaba significando, muitas vezes, apenas um aumento do sacrifício, não do benefício.

Também é difícil estudar para quem tem um trabalho que exija atividade intelectual, como é o caso da maioria. Eu mesmo sinto isso. Tenho que fazer minhas atividades do doutorado à noite, depois de toda a minha jornada no MPF. Minha dica é deixar para os dias em que você estiver mais cansado as atividades de estudo que exigem menos atenção ou são mais dinâmicas, como é o caso de assistir aulas ou resolver exercícios. A leitura deve ser reservada para dias em que você esteja melhor, uma vez que ela exige mais concentração.

Por fim, queria fechar com o problema da distribuição do tempo ao longo do estudo. É preciso que você se organize e, principalmente, evite desconcentrações. Como nós atualmente estudamos no computador com cada vez mais frequência, tem-se tornado cada vez mais difícil manter-se concentrado. É uma olhadinha no facebook, uma mensagem no whatsApp, uma checada em um portal de notícias. Isso é um veneno! Se você está cansado, faça uma pausa e depois volte com toda a concentração. Mas não fique “picando” seu estudo com outras atividades. Pode parecer que só leva um minutinho para responder a uma mensagem, mas o tempo perdido para a recuperação da concentração é muito maior.

O mesmo vale para tarefas domésticas. Você até pode realizá-las durante as pausas, como uma forma de esfriar a cabeça. Mas isso deve fazer parte do plano. Ficar se interrompendo a todo momento para resolver isso, fazer aquilo etc. é, do mesmo modo, um problema considerável.

Por último, lembre-se de que a capacidade de absorção do cérebro é limitada. Já escrevi, inúmeras vezes, que tempo de estudo não se mede em “horas-bunda”, mas no quanto você aprendeu. Você precisa monitorar o que está aprendendo ou não para saber a que horas deve interromper o estudo.

Tempo é o seu ativo mais valioso. Cada minuto perdido significa um grande prejuízo.