domingo, 12 de fevereiro de 2012

Nova turma do curso para a prova oral e mensagem aos meus alunos

Ontem encerramos as aulas do curso para a prova oral, promovido pelo Verbo Jurídico, em São Paulo. Embora seja sempre difícil fazer uma auto avaliação, acho que o curso foi bem sucedido e cumpriu seus propósitos. Discutimos muito sobre os examinadores, sobre as prioridades de estudo até o dia da prova, e até sobre como se vestir e como se sentar na cadeira durante a prova oral. 

O Verbo Jurídico tem possibilidade de abrir uma nova turma, nos dias 17 e 18, caso haja mais interessados. Portanto, aqueles que desejarem podem conversar com os participantes do curso que se encerrou e entrar em contato com o Verbo Jurídico. Terei muito prazer em recebê-los para mais um final de semana de discussões. Podemos fazer um curso ao som das escolas de samba de São Paulo. Você quer passar na prova ou quer ter carnaval? 

Aos meus alunos e também aos leitores que vão prestar o exame, gostaria de deixar uma mensagem para a prova. Vá focado em fazer o melhor que VOCÊ pode. Aprovação não é uma obrigação sua. Sua obrigação é se preparar o melhor possível, se dedicar tanto quanto suas condições pessoais permitem, ir para a prova concentrado e fazer o melhor que você pode. Quem tem que se preocupar com aprovação é o examinador. 

Nunca tome uma reprovação em prova oral como um sinal de fracasso. Pelo contrário, é um sinal de que falta muito pouco para você ser aprovado, que sua preparação está boa, suas técnicas de estudo e memorização estão boas e você conseguiu superar um imenso número de candidatos. Prova oral é o momento, é o dia, são as circunstâncias que, muitas vezes, não podemos controlar. Não se desespere com isso. Faz parte do jogo. Quantos grandes jogadores erram um pênalti numa final de campeonato e ainda assim continuam sendo grandes jogadores? Basta lembrar (eu não me lembro, pesquisei no google) de Zico na copa de 86 quando perdeu um pênalti que custou a eliminação do Brasil. 

Como disse em minha mensagem de Natal, todos erram, mesmo os melhores e esse erro pode acontecer no dia da prova oral. Portanto, a preocupação não é acertar tudo, é fazer o melhor possível. Muito boa sorte a todos e continuem acompanhando, até o dia da prova, mais dicas aqui no blog.


Dicas para a prova oral 2: os tipos de prova oral

Passada a primeira fase do 26º Concurso, voltemos às orientações para aqueles que estão na prova oral do 25º ou em outras provas orais variadas. 

Há, basicamente, dois tipos de prova oral, um, que eu chamo de "plenário" e outro, individual. O primeiro tipo é praticado em alguns concursos da magistratura, no MP de São Paulo e em outros concursos cujo número de aprovados para a prova oral é relativamente pequeno. Ele consiste em todos os integrantes da banca se colocarem em um plenário, em geral, num plano mais elevado que o do candidato, e arguir um candidato de cada vez. É comum que nessas provas a voz do candidato seja amplificada e haja considerável número de curiosos na plateia. 

O segundo tipo é um exame indivivual. Os examinadores são posicionados em várias mesas pequenas, em geral um ao lado do outro, e o candidato vai passando de mesa em mesa, sendo ouvido por um examinador de cada vez. Nesse caso a voz do candidato é gravada para eventual recurso, mas não é amplificada, de modo que, mesmo que haja plateia, esta não consegue ouvir o teor das respostas. É assim no MPF, no TJ MG e na maioria dos concursos em que número de candidatos para a prova oral é grande, uma vez que, nesse formato, é possível examinar mais candidatos em menos tempo. 

O primeiro tipo de prova (a que me submeti no TRF 4) é mais difícil. A tensão é maior, se você disser uma besteira todos os membros da banca ouvirão, e não apenas o examinador para quem você responde. A prova é mais longa, você é ouvido por todos os examinadores sem intervalo entre eles e ainda tem que lidar com diversos outros fatores, como o microfone, a plateia, a água que lhe é servida para tomar durante o exame etc. Tudo isso dificulta muito esssa prova. 

O segundo tipo permite um intervalo entre os examinadores, de modo que você não precisa (e nem deve) tomar água durante o exame. Mesmo que você fale uma grande besteira, só um examinador ouvirá. Se você for mal com um examinador, terá um tempinho para se recuperar antes do próximo. 

Em ambos os tipos de prova, é importantíssimo que você não fique pensando no passado. Deu uma resposta ou terminou uma prova, esqueça. Concentre-se no que vem pela frente. Não fique repensando o que já aconteceu, o que poderia ter respondido melhor, o que respondeu mal, a cara que o examinador fez etc. Esse é o principal motivo do fracasso em provas orais. A pessoa vai mal num determinado ponto, se desestabiliza e aí destrói o resto. 

Digo isso por experiência pessoal. No meu exame oral no MPF, minha primeira prova foi de penal e sorteei um ponto que não sabia nada. Achei que tinha ido muito mal. Mas tive sorte de ter um intervalo de quase 50 minutos para o segundo exame, o que me permitiu recuperar a concentração e esquecer o que tinha acontecido no primeiro. 

Cumprida essa dica mais importante, vão aqui algumas dicas rápidas para os dois tipos de exame, que podem ajudar os candidatos. 

Exame de plenário: 
1. posicione o microfone no início da prova, de modo que sua voz não fique muito alta nem muito baixa;
2. não beba muita muita água. A água que fica na sua mesa é só para molhar os lábios e a garganta. Não use a água como uma tática para ganhar tempo e pensar. Isso é péssimo. Se tiver que pensar, simplesmente fique calado. 

Exame individual: 
1. muito cuidado com esse exame. Apesar de impor menos pressão sobre o candidato, o risco aqui é o excesso de informalidade. Você se solta e acha que pode tratar o examinador de senhor, de doutor, de você etc. Examinador é excelência. Ficar tranquilo em uma prova não significa abrir a guarda e achar que o examinador é seu amigo. Se você fizer isso, ele vai te derrubar;
2. aproveite o intervalo entre as provas para tomar água, relaxar um pouco etc. Não fique repensando nem comentando com os colegas o que aconteceu na prova anterior. Isso só vai aumentar sua tensão para a próxima prova. 

Uma observação final. Embora eu não tenha feito, me disseram que na prova oral da AGU o candidato entra na sala e recebe um papel com as perguntas escritas. Ele lê as perguntas e dá as respostas. Todos os candidatos do mesmo turno respondem as mesmas questões. Me parece que essa configuração não capta a essência de uma prova oral, o que a torna pouco útil para o examinador. O que caracteriza uma prova oral, além da simples oralidade, é o fato de que o examinador tem condições de interferir nas suas respostas, de fazer perguntas a partir daquilo que você disse de errado na resposta anterior, enfim, de te encurralar pelo inusitado. Se as perguntas já estão todas prontas, há pouca diferença, em termos de avaliação, se o candidato as responde por escrito ou oralmente. Não que o simples fato de se fazer um exame oral já não implique dificuldades. Mas digo, com toda certeza, que a grande dificuldade de um exame oral é lidar com o inusitado, é saber como sair de uma fria na qual você mesmo se colocou quando utilizou impropriamente uma expressão na resposta anterior. 

Ainda falaremos de tudo isso por aqui.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Primeiras avaliações da prova do 26º concurso do MPF

Acabo de receber por e-mail uma avaliação muito ponderada da prova do 26º concurso. A princípio, pelo que parece, várias das minhas previsões aqui no blog se confirmaram, especialmente no que se refere à maior dificuldade do grupo de Penal e Processo Penal. Transcrevo abaixo a mensagem e abro espaço para outros candidatos que também queiram enviar suas impressões. As publicarei aqui até que tenhamos o gabarito oficial.

Impressões sobre a prova 26, comparando com a prova 25.

1 - A divisao dos grupos melhorou muito, internacional deixou de ser o bicho-papão. Até agora, não ninguém reclamar da matéria.

2 - No G1, Déborah manteve o estilo, humanos também (caiu autodeterminação dos índios novamente). Achei eleitoral um pouco mais difícil, mas, mesmo assim, dava pra responder 7 ou 8 certas e ajudar no grupo.

3 - No G2, foi o grupo mais fácil, de longe. Administrativo equilibrou mais, podendo-se atribuir 50% de administrativo e 50% de ambiental. Tributário um pouco confuso e com uma questão que será anulada por erro material (escreveu incorrendo, quando deveria ser inocorrendo em pagamento). Internacional bem parecido com a prova anterior (tortura, responsabilidade internacional, jurisdição internacional e questões sobre elementos de conexão).

4 - No G3, a examinadora equilibrou mais economico e consumidor, podendo-se atribuir também 50% pra cada matéria, o que, para mim, facilitou bastante. Consumidor cobrou súmulas e informativos. A prova de civil, mais uma vez, muito mal-elaborada, citando ordenações filipinas, coisas divini iuris, origem da distinção fungívelxinfungível etc... A prova de processo civil melhorou um pouco, mas continuou sendo retirada toda de Nelson Nery, muitas vezes, fora do contexto. Esse grupo, no 25, é o grupo que o pessoal da oral tem a menor nota, mas, no 26, deve melhorar por causa de consumidor.

5 - O grupo IV é o grupo da morte, talvez mais do que internacional no concurso anterior. A prova de penal foi muito complicada, cobrando muita legislação específica e lei seca (causa de aumento x qualificadora, quantidade do aumento, diminuição etc). Processo penal também não foi simples. 3 ou 4 questões de medidas cautelares e liberdade provisória, e, infelizmente, de 2 a 4 questões no estilo "todas certas, 1 certa, 2 certas", sem indicar as alternativas especificamente, o que complicou bastante.

6 - O ponto por todos comentado foi a abstenção: em Recife, mais de 50% talvez. Na minha sala, foram 11 de 25 pessoas. E isso ocorreu no Brasil inteiro, sem desconsiderar que o número de inscritos já foi menor em cerca de 2 mil inscritos. É a consequencia da repercussão da prova 25.

Pós prova e confirmação do curso para a prova oral

Passou a primeira etapa do MPF. Para o bem ou para o mal, passou. Agora é hora de relaxar um pouco e aguardar a divulgação do gabarito. Hoje li uma mensagem que recebi por e-mail, de uma candidata que prestou o concurso, que acho que representa muito bem tudo o que eu penso sobre trilhar um caminho saudável no rumo da aprovação. Peço licença para transcrever.

Professor, obrigada pelas dicas. Ri muito com a passagem do piquenique na prova. Quanto a estudar ou não na véspera, não terei escolha. Felizmente ou infelizmente, amanhã eu tenho outra prova, terceira fase do Mp Rj. Estava pensando em não ir para ficar estudando, mas vou. Não estudei especificamente para a prova estadual, já que há examinadores com entendimentos muito minoritários e não é o que eu quero para minha vida. Meu tempo pra estudar é  curto porque trabalho muito. Passei os últimos dias de férias e dormindo pouco. Mas consegui cumprir quase tudo do edital. Suas aulas sobre os índios ajudaram muito, assim como as dicas do blog. Procurei seguir todas. Estou bem calma para as provas mas não sei se o que estudei será suficiente. No último eu perdi no grupo de internacional, e dessa vez estudei muito essa parte. Estou com medo dos grupos 3 e 4 mas espero sinceramente participar do próximo curso que o Sr for dar para a prova oral do MPF. Obrigada por tudo e torce por mim. Não vejo a hora de começar a trabalhar como Procuradora da República. Há muita coisa boa para ser feita no Brasil e no mundo e o MPF é um grande canal de convergência de boas ações. A cada dia que passa eu me sinto mais feliz por ter oportunidade de estudar tudo que cai nesse concurso. São temas lindos, que só geram mais ânimo para continuar estudando.  Obrigada.

A mensagem representa, em primeiro lugar, o espírito que deve ter um candidato que se dirige a uma prova: a alegria de aprender cada vez mais a cada concurso, mesmo enfrentando experiências adversas anteriores. A insegurança natural de quem se prepara, mas sabe que está indo fazer a prova mais difícil do país. Além disso, a história demonstra várias afirmações que já fiz aqui no blog:

1. É possível e desejável conciliar concursos diferentes, elegendo um como foco, mas não deixando de fazer outras provas.

2. É possível estudar e trabalhar, e ainda obter bons resultados.

Mas o mais importante, e o mais bonito que achei na mensagem é a necessidade de se ver a carreira para a qual se candidata como um ideal. Não um ideal de salário, de estabilidade na vida ou de um "servicinho tranquilo". É o ideal de ingressar numa carreira para se buscar fazer a diferença em um país tão pobre, em que a população, mesmo a mais pobre, paga tantos impostos também para sustentar os ótimos salários pagos aos aprovados em concurso público.

Na era dos concurseiros, é sempre bom reforçar o idealismo.

Torço muito para que minha leitora e todos os meus outros leitores estejam no meu próximo curso para a prova oral. Por hora, para aqueles que já estão aprovados no 25º, está confirmado o curso, nos dias 10 e 11 de fevereiro, em São Paulo. Segundo me disseram no Verbo Jurídico, restam poucas vagas. Espero vê-los lá. Passada a primeira etapa, voltarei a postar dicas para a prova oral.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Ministério Público Federal – MPF 26º Concurso para Procurador da República: dicas para a última semana 5: as últimas 48 horas e o dia da prova

Pois é pessoal, agora chegou o momento. São as últimas horas antes da prova. Minha dica é: invista em resumos (inclusive na releitura daqueles que você mesmo fez), esquemas e aquelas decorebas do tipo classificações e outras coisas que, apesar de chatas e inúteis, podem ser cobradas. Ler livro, agora, só se for alguma coisa pontual. Escolha o trecho e vá direto a ele. O negócio é tentar abarcar a maior extensão de conhecimento, o mais rapidamente possível.

Sempre me perguntam se o estudo deve parar hoje ou deve seguir na véspera da prova. Cada um, é claro, tem a liberdade para pensar e fazer o que quiser, mas minha opinião é a seguinte: nunca vi lutador de boxe ir pro barzinho na véspera da prova. Nunca vi ator cair na gandaia na véspera da estreia de um espetáculo. O momento é de se manter focado na prova, e a melhor forma de se fazer isso é estudando. É claro que você não vai se matar de estudar, passar a noite em claro etc, mas fazer leituras mais leves, de alguns pontos que você não teve tempo de estudar bem, ler aqueles esquemas do cursinho ou da internet que não eram prioridade antes. Isso é uma boa atividade para manter você focado no seu objetivo, que é a prova.

Para a imensa maioria, na qual me incluía em minha época de provas, amanhã será uma noite mal dormida. Não se preocupe com isso. A concentração que o concurso exige fará com que, no momento em que você se assentar na cadeira, esqueça se dormiu, se não dormiu, se comeu, se está com sede. A prova te transporta. Então, se estiver sem sono, não se desespere. Pegue alguma coisa para correr os olhos ou, se for de sua preferência, aproveite para fazer suas orações. Cada um tem um ritual. Eu tenho um terço verde de plástico que ganhei quando tinha oito anos, que me acomanhou em todas as provas. Sempre rezei antes das provas e posso dizer que me ajudava a manter a tranquilidade. E lembre-se de Tancredo Neves, que dizia: "Tenho a eternidade para dormir".

Dicas específicas para a prova: embora sejam 5 horas, a prova é muito grande, então controle bem o tempo. Isso é muito importante. Se você agarrar em uma questão, não vai dar tempo de acabar! Se não souber responder, destaque as alternativas entre as quais você está em dúvida e passe adiante. Depois você volta. Lembre-se também que passar 120 questões para o gabarito toma um tempo considerável, então, cuide-se.

Também deve ter cuidado quem gosta de fazer piquenique durante a prova. Nada contra comer alguma coisa, mas lembre-se: por mais que você esteja cansado, aqueles minutos não voltarão. Depois da prova você pode descansar o resto da vida. Na hora, concentre-se. Esqueça tudo o que não for prova. Portanto, seja rápido em suas interrupções.

Por fim, fica o alerta, em negrito: é preciso ENTRAR no local de prova 30 minutos antes do início do exame. Tem gente que perde prova do MPF batendo papo com colega em frente ao local de prova. Deixe para fazer social outro dia. Chegue, procure sua sala, sente-se e concentre-se. Não dê sopa para não por em risco todo o seu estudo.

Um grande abraço a todos os leitores e muitíssimo boa sorte. Se tiverem dúvidas rápidas de última hora, sintam-se livres para encaminhar pelo twitter, que me permite responder rapidamente.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Ministério Público Federal – MPF 26º Concurso para Procurador da República: dicas para a última semana 4: Direito Internacional

O direito internacional tirou o sono de quem fez o 25º Concurso. Com um grupo separado e 30 questões, que não foram fáceis, era preciso estudar muito a matéria.

O internacional continuará sendo uma matéria complicada no 26º, mas, acredito, menos que no 25º. Em primeiro lugar, serão menos questões, e elas estarão divididas em grupos distintos, de modo que é possível compensá-las com outras. De todo modo, quem estudou para o 25º levará vantagem nisso.

Confesso que tenho pouco apreço e pouca experiência pela matéria, de modo que não posso ajudar muito aqui. Contudo, pela leitura da prova do 25º, o que eu recomendaria nesse momento é estudar os casos principais, da Corte Interamericana e do Tribunal de Justiça europeu.

Os problemas, entretanto, são muitos. Não é fácil encontrar um “resumão” desses casos, que são longos para ler de última hora. Muitos sequer estão disponíveis em Português. Quem tiver uma fonte legal, pode postar nos comentários.

Agora, para quem está desesperado, acha que o tempo está curto e não tem onde estudar os casos, eu recomendo a leitura pelo menos desse artigo (disponível aqui). Não é muito grande e você pelo menos terá uma noção de por onde passam as coisas, ou fará uma boa revisão na véspera da prova. Eu dedicaria a manhã da quinta-feira a isso. Se você está um pouco mais tranquilo e seu foco nesse momento é o direito internacional, pode acessar o site da revista eletrônica do CEDIN (disponível aqui), que apresenta vários outros artigos interessantes.