Superadas algumas questões preliminares à prova, vamos
tratar do exame propriamente dito. A primeira dúvida que me apresentam nessa questão
é: como devo me portar em termos de postura? Devo ser humilde ou confiante?
Devo ser informal e tentar cativar a banca ou devo ser formal? Há linhas
variadas para a resposta a essas questões, mas meu conselho é o seguinte: seja
formal e confiante. Não acho que mostrar humildade (ficar repetindo “salvo
melhor juízo”, “me parece” e coisas do gênero) vá aprovar alguém. Como já
disse antes, a banca quer ver no candidato um igual, alguém apto a ser como ele
próprio e não um capacho. Sou contra a humildade.
Isso não significa, é claro, que você deva brigar com a
banca, discutir, discordar se o examinador diz que você está errado. Confiança
não é sinônimo de grosseria. Mostrar insegurança é um erro duplo: se a resposta
estiver certa, você será punido por ser inseguro. Se estiver errada, você será
punido pelo erro e por ser inseguro. Dizer “salvo melhor juízo” não torna certa
uma resposta errada. Não se desculpe pela resposta. Responda afirmativamente.
É tão difícil explicar isso, esse meio termo, que quero me
valer de uma imagem. O vídeo abaixo (do qual você só precisa assistir os
primeiros segundos), mostra o maestro Karajan entrando na sala de concertos da
Orquestra Filarmônica de Berlim para um concerto. Como vocês poderão ver, ele
mal conseguia andar. Estava muito debilitado fisicamente.
Mas a imagem que eu gostaria que vocês levassem para uma prova
oral é a que ele assume assim que chega a sua posição. O olhar para a orquestra
e os primeiros movimentos com a batuta. Confiança total. Não é arrogância. É um
olhar de “estou aqui porque sei fazer isso muito bem e nada vai me impedir”.
Vejam também o pianista. Um moleque de menos de 20 anos que vai se apresentar com a melhor orquestra do mundo e, ainda assim, entra confiante para o desafio.
Vejam também o pianista. Um moleque de menos de 20 anos que vai se apresentar com a melhor orquestra do mundo e, ainda assim, entra confiante para o desafio.
Foi essa imagem que levei comigo para as provas orais que fiz.
Sempre me lembrava de Karajan (na verdade, tenho esse vídeo no celular). O que
o candidato tem que se lembrar na hora de uma prova oral é que o nervosismo é
normal. Isso não significa que você deva agir de modo nervoso. Lembre-se que
você chegou ali por uma razão, e essa razão é sua aprovação nas etapas
anteriores. Você tem condições técnicas para responder o que lhe for
perguntado. O que precisa é encarar a banca como o maestro encara a orquestra.
Com confiança, dando respostas com assertividade, não se deixando intimidar.
Meus alunos das três turmas do curso para a prova oral do
MPF, que já ministrei no Verbo Jurídico: não se deixem intimidar pela
banca. Sejam confiantes e assertivos. Assumam o controle da prova, do nervosismo e
exibam todo o conhecimento.
P.S.: a música também é maravilhosa.