sábado, 8 de março de 2014

Método de fixação: o valor das anotações

Quem acompanha o blog há algum tema sabe que o tema pelo qual tenho especial predileção é o relativo aos métodos de fixação. Porque, convenhamos, esse é o maior problema, de longe, para quem se dedica aos concursos públicos. Não é difícil entender as matérias que caem nas provas. Em regra, os temas não têm uma complexidade suficiente para que você saia de uma aula pensando “não entendi absolutamente nada”, como ocorre com muitos alunos de engenharia, ao se depararem com as matérias de cálculo, no primeiro semestre. 

Nosso problema é armazenar todos esse conhecimento que aprendemos nos livros e nas aulas de modo a permitir que ele seja habilmente utilizado no momento da prova. Já escrevi muito sobre a necessidade de se ter um método de fixação durante os estudos e acho que quem ainda não escolheu o seu deve voltar e dar uma vasculhada nas postagens mais antigas. 

O que quero tratar hoje é o valor das anotações de aula. É cada vez mais comum ver alunos que assistem aulas sem anotar absolutamente nada. As justificativas (a palavra que eu tinha usado originalmente era “desculpas”) são as mais variadas. A mais comum é: “se eu anoto, não consigo prestar atenção” ou “vou copiar as anotações do colega depois” ou “tenho a aula gravada, posso assistir de novo se quiser” ou ainda “não acho que anotar ajude”. 

Tudo isso, na minha opinião, está errado e acho que é essencial que você faça anotações em todas as aulas que assistir. Isso porque, a menos que você seja taquígrafo, não vai conseguir anotar literalmente tudo o que o professor disser. Então, você é obrigado a entender o que ele disse e produzir um conhecimento novo, com suas próprias palavras. Assim, o conhecimento tem que passar pelo filtro do seu cérebro antes de chegar ao caderno. E isso é uma ferramenta de memorização poderosa, mesmo que você nunca mais leia o que anotou. 

A outra questão é a distração. Se você não anota, é muito mais provável que, ao longo da aula, você “viaje” e perca coisas importantes. A preocupação com a anotação garante o foco no que é ensinado. 

Terceiro: anotar é uma habilidade e, como qualquer outra, pode ser desenvolvida. Ainda que você pense que tem dificuldades de prestar atenção na aula e anotar ao mesmo tempo, se você for se treinando para isso, certamente vai ficar melhor a cada dia. Essa história de não consigo prestar atenção se anotar é, para mim, muito mais uma desculpa para preguiça do que um obstáculo insuperável. 

Quarto: por todo o anterior, fica claro que xerocar o caderno do colega não tem o mesmo valor de fazer uma anotação própria. O que interessa na anotação, mais do que o resultado em si, é o exercício de anotar. 

Quinto e último: por muito febril que sejam suas anotações, você nunca vai passar muito de 5 a 6 páginas por aula de 50 minutos. Isso significa que, posteriormente, você vai levar menos de 10 minutos para reler essas páginas e, desse modo, revisitar os 50 minutos de aula. Assim, por muito que você tenha o material gravado, a anotação significa que, caso você precise retomar aquele conhecimento, não perca tanto tempo assistindo a aula inteira de novo. 

Anotar ajuda, e ajuda muito. Você pode ter o power point do professor, pode ter a aula gravada, pode ter qualquer coisa. É a anotação que vai fazer com que aquela ideia deixe de ser do professor e passe a ser sua. Deixe de preguiça, compre um caderno novo e comece o semestre anotando.