quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A indústria dos cursinhos

Outro dia recebi um comentário de um leitor reclamando da indústria dos cursinhos e acho interessante fazer algumas considerações. Todo sistema de recrutamento de pessoal tem suas distorções: os processos de trainee de grandes empresas, com suas dinâmicas orais, prejudicam muito os candidatos tímidos; o recrutamento por curriculum prejudica os mais jovens; a indicação prejudica os não apaniguados e o que dizer do esdrúxulo sistema eleitoral de juízes e promotores nos Estados Unidos!

O concurso público, então, também não está livre de problemas. O primeiro é o recrutamento de gente com muito conhecimento teórico e pouquíssimo conhecimento prático, pouco “tino” para lidar com os problemas da vida real. O outro é que, com o passar do tempo, o serviço público passou a ser, no Brasil, uma alternativa muito atraente. Isso gerou aumento da procura, que por sua vez gerou um aumento de concorrência, que gerou uma demanda de capacitação desses mesmos concorrentes. Aí nasceram os cursinhos. Com concorrentes mais qualificados, foi necessário dificultar cada vez mais as provas, para evitar situações como a que ocorreu no concurso de servidor do TRF 1, em que pessoas que fecharam a prova não foram chamadas para preencher as vagas. O problema, é claro, é que muitas organizadoras de concurso “emburreceram” e passaram a perguntar cada vez mais picuinhas da matéria. Isso refletiu nos cursinhos, que passaram a ensinar essas picuinhas num círculo vicioso interminável. Mas a pergunta que interessa continua sendo: dá para passar sem cursinho? A resposta é: claro que sim! Tenho um amigo que foi recentemente aprovado no concurso para juiz em Minas Gerais sem nunca ter sentado em um banco de cursinho. Mesmo tendo sido reprovado em tentativas anteriores, ele não cedeu à pressão e continuou acreditando que o melhor era estudar sozinho. A questão, então, é saber como usar bem o cursinho, caso você decida fazê-lo. É disso que tratarei no próximo post, que estará disponível amanhã.

2 comentários:

  1. Caro Doutor Edilson
    Eu estou estudando para o concurso de Procurador da República, estou estudando sozinho! Até novembro do ano passado havia obtido dois resultados positivos: aprovação no exame da ordem, em minha primeira tentativa e uma aprovação para o cargo de Procurador Autárquico (autarquia municipal)
    mas, confesso que recentemente me rendi a duas alternativas aos cursinhos: Doutrinas direcionadas para concursos e um curso via internet. De qualquer forma continuo estudando sozinho e em casa, espero em breve alçar voôs maiores.
    Abraços

    Herivelton

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  2. Eu vejo o cursinho como uma "comodidade" que te vendem, ou seja, ele faz aquilo que você pode fazer em casa ou deveria ter aprendido na universidade! É uma indústria que lucra muito com a sensação de medo daqueles que querem a OAB ou daqueles que não sabem por onde começar. Ademais é bom pontuar a forte "modinha" de todo mundo cursar Direito, sendo curioso que 90% dos estudantes odeiam ou nem pensam em advogar, mas ser funcionário público.

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