quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A indústria dos cursinhos 2

Vamos agora, de um modo muito objetivo, analisar o que deve ser ponderado na decisão de fazer ou não fazer um cursinho.

1. Em primeiríssimo lugar, se você acha que só assistir às aulas vai lhe conduzir à aprovação, desista. O cursinho é uma ferramenta para encurtar o caminho. Não é uma liteira na qual você pode se deitar e simplesmente ser carregado até o destino. Querer passar só assistindo às aulas é como querer aprender uma língua estrangeira sem praticar.

2. Muito mais importante que cursinho é ter uma boa base. Já escrevi sobre isso em postagens anteriores: se você achou que a faculdade era uma festa de 5 anos, que bastava ser aprovado (em Direito, vocês já devem ter percebido, quase ninguém é reprovado) e depois tiraria o atraso no cursinho, você pegou o caminho errado. O cursinho pode lhe ajudar, mas será necessário estudar mais aquelas matérias das quais você tem pouca noção.

3. Se você já faz cursinho há mais de um ano e não vem notando um reflexo razoável em suas notas, talvez seja a hora de dar um tempo pelo menos de um semestre e estudar sozinho. Pode ser que a metodologia de ensino dos cursinhos não venha sendo adequada ao seu modo de aprendizado. Além disso, depois de um ano e meio, ninguém mais aguenta o ambiente de um cursinho.

4. Se você tem pouca disciplina para estudar sozinho, o cursinho é ótimo para você. Ajudará a lhe dar um norte e a criar uma rotina de estudos.

5. Se você é muito disciplinado, mas ainda assim acha que o cursinho faz falta, o melhor é priorizar aquelas modalidades de curta duração do tipo intensivão, maratona, reta final, que são mais voltados a traçar o perfil da prova do que a transmitir conhecimento propriamente.

6. Se você tem dificuldade de anotar durante as aulas e não tem paciência para ouvir as aulas gravadas, provavelmente o cursinho não é um lugar para você. Só ouvir o que o professor fala é muito pouco para absorver um conhecimento que dure por um prazo razoável. É a anotação que ajuda na fixação. E não se engane: xerocar o caderno dos outros não serve para nada. Anotações de aula são muito pessoais para que possam ser bem aproveitadas por quem não as fez, ainda que sejam daquelas pessoas que “anotam tudo”. Se você não anota, sua única alternativa será gravar a aula para ouvir de novo depois, o que eu considero uma grande perda de tempo, já que ler uma anotação é muito mais rápido que ouvir a aula inteira de novo. Também sou muito desconfiado dessa história de ouvir gravação de aula no rádio do carro. Duvido muito dessas teorias de aprendizado subliminar e também que alguém possa prestar atenção no trânsito e na aula ao mesmo tempo. Concurseiros podem causar acidentes!

7. Se você se encaixa na situação do item anterior, e ainda assim quer fazer cursinho, dê preferência às aulas pela internet, que você tem a possibilidade de assistir mais de uma vez e também de parar a hora que quiser para anotar, sem perder o fio da meada.

8. Não seja escravo do cursinho. Se você sabe bem uma matéria ou se o professor do cursinho é ruim, falte às aulas sem dó. Não fique fazendo contas de quanto aquela aula está lhe custando. É preferível usar o tempo para estudar sozinho e obter melhores benefícios.
Enfim, existe sim uma indústria dos cursinhos e, como numa corrida do ouro, quem está ficando milionário não são os milhões de garimpeiros, mas sim os poucos donos de armazém. O cursinho é um bom auxiliar para uma aprovação, mas não somos totalmente dependentes dele. Tudo vai variar conforme seu perfil.

3 comentários:

  1. A sensação é a mesma do Eduardo. rs
    Vc percebeu muito bem o "senso comum dos concursos"
    Obrigado, Edilson, pela precisão e sinceridade.

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  2. Muito lógico seu artigo, só corroborou a minha observação.
    já curti no face seu site e adicionei aos meus favoritos Edílson...

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