segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Primeiras avaliações da prova do 26º concurso do MPF

Acabo de receber por e-mail uma avaliação muito ponderada da prova do 26º concurso. A princípio, pelo que parece, várias das minhas previsões aqui no blog se confirmaram, especialmente no que se refere à maior dificuldade do grupo de Penal e Processo Penal. Transcrevo abaixo a mensagem e abro espaço para outros candidatos que também queiram enviar suas impressões. As publicarei aqui até que tenhamos o gabarito oficial.

Impressões sobre a prova 26, comparando com a prova 25.

1 - A divisao dos grupos melhorou muito, internacional deixou de ser o bicho-papão. Até agora, não ninguém reclamar da matéria.

2 - No G1, Déborah manteve o estilo, humanos também (caiu autodeterminação dos índios novamente). Achei eleitoral um pouco mais difícil, mas, mesmo assim, dava pra responder 7 ou 8 certas e ajudar no grupo.

3 - No G2, foi o grupo mais fácil, de longe. Administrativo equilibrou mais, podendo-se atribuir 50% de administrativo e 50% de ambiental. Tributário um pouco confuso e com uma questão que será anulada por erro material (escreveu incorrendo, quando deveria ser inocorrendo em pagamento). Internacional bem parecido com a prova anterior (tortura, responsabilidade internacional, jurisdição internacional e questões sobre elementos de conexão).

4 - No G3, a examinadora equilibrou mais economico e consumidor, podendo-se atribuir também 50% pra cada matéria, o que, para mim, facilitou bastante. Consumidor cobrou súmulas e informativos. A prova de civil, mais uma vez, muito mal-elaborada, citando ordenações filipinas, coisas divini iuris, origem da distinção fungívelxinfungível etc... A prova de processo civil melhorou um pouco, mas continuou sendo retirada toda de Nelson Nery, muitas vezes, fora do contexto. Esse grupo, no 25, é o grupo que o pessoal da oral tem a menor nota, mas, no 26, deve melhorar por causa de consumidor.

5 - O grupo IV é o grupo da morte, talvez mais do que internacional no concurso anterior. A prova de penal foi muito complicada, cobrando muita legislação específica e lei seca (causa de aumento x qualificadora, quantidade do aumento, diminuição etc). Processo penal também não foi simples. 3 ou 4 questões de medidas cautelares e liberdade provisória, e, infelizmente, de 2 a 4 questões no estilo "todas certas, 1 certa, 2 certas", sem indicar as alternativas especificamente, o que complicou bastante.

6 - O ponto por todos comentado foi a abstenção: em Recife, mais de 50% talvez. Na minha sala, foram 11 de 25 pessoas. E isso ocorreu no Brasil inteiro, sem desconsiderar que o número de inscritos já foi menor em cerca de 2 mil inscritos. É a consequencia da repercussão da prova 25.

14 comentários:

  1. Caro Edilson,
    Confiei nas suas dicas e li o material que você recomendou nos últimos dias. Foi grande a ajuda na parte de proteção internacional dos DH; apenas para indicar uma que a resposta estava no material e que eu não conhecia antes de estudá-lo: a Corte Interamericana de DH pode determinar medidas provisórias mesmo sem processo instaurado, a pedido da Comissão.
    Muito obrigado então!!
    Abraço,

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  2. A avaliação publicada é precisa. O perfil da prova está em consonância com o que foi dito aqui no blog. De fato, foi muito parecida com o certame anterior, com exceção de CDC e econômico, em razão da modificação do examinador. Concordo, também, com as críticas ao grupo de civil e processo civil. As questões foram muito mal elaboradas. Parecia com as provas daquelas instituições que fazem concursos para municípios. A instituição melhorou a disposição dos grupos, mas, infelizmente, errou ao manter os examinadores dessas matérias. Também não aplaudo a prova de penal em alguns aspectos, especialmente a cobrança de detalhes de lei seca, pois não contribui para avaliar o raciocínio jurídico do candidato de forma satisfatória.

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  3. Caríssimo Doutor Edilson,

    Antes de mais nata, agradeço ao Senhor pela riqueza do seu Blog, de grande utilidade a todos os aspirantes às carreiras públicas !

    Falando da prova, creio que o Senhor, estudioso da condição dos indígenas, possa nos dar alguma luz a respeito de uma das mais discutidas questões de processo penal, acerca da pena de transferência, aplicada pela Tribo dos Kaingangs sobre o infrator e, também, sobre sua família...

    Salvo engano, as alternativas consistiam em:

    a) inadmissibilidade (ou não reconhecimento) pelo ordenamento brasileiro;

    b) impossibilidade de reconhecimento da punição anteriormente aplicada pela tribo, no cálculo de pena pelo Judiciário;

    c)admissibilidade da pena, na medida em que haja harmonia com os direitos humanos (inclusive na esfera internacional, salvo engano);

    d) aplicação da pena de transferência Kaingang, pelo Judiciário (não tenho certeza se era exatamente esta a assertiva, os demais leitores podem confirmá-la).

    Muito obrigado, e um grande abraço !

    Juliano

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  4. Achei pior que a do 25! Só as anuladas vão salvar o concurso.

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  5. De um modo geral, as impressões foram muito pertinentes.
    Acho que o MPF explora mal direito civil e processual civil. Existe muita coisa interessante despontando na área do direito civil que poderia ser cobrada.

    No processo civil, a banca examinadora poderia deixar de lado uma parte do processo de conhecimento e cobrar algo mais de processo coletivo, área riquíssima e de suma importância para a atuação de qualquer MP.

    Acho também que o MPF tá na hora de dar mais destaque ao direito ambiental, em vez de insistir no direito internacional. Duvido que um PR utilize em seu trabalho mais internacional privado do que ambiental, por exemplo.


    É como já havia dito: a prova é grande, possui grandes qualidades e grandes defeitos.

    Até o gabarito!

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  6. Eu, sinceramente, acho que eles deveriam pensar a forma de elaborar a prova, pois parece que os examinadores ñao conversam entre si, e também repensar os examinadores que já estão há bastante tempo na comissão. Tem muita gente boa no MPF que poderia participar da banca e atualizar matérias como civil, processo civil, penal, que na minha opinião foram as mais mal elaboradas. Já feitas as críticas rendo elogios à examinadora Deborah Duprat que fez questões inteligentes, atuais e de grande relevância para um PR. Abraços a todos.

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  7. Redigiram na prova antinupcial, salvo engano.
    Num todo, muito fraco civil.

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  8. Não é reflexo do 25 concurso. É reflexo de toda uma estória, que vem desde o longo lapso em que não fazem concursos, seguida pela falta de clareza na primeira e segunda fase quanto à pedra fundamental em que se funda os critérios das provas, à falta de sensibilidade em relação aos candidatos classificados para a oral (o pessoal da oral é obrigado a estudar pra objetiva e oral ao mesmo tempo, quando nada impedia que a prova objetiva fosse realizada após a oral), somado ao fato de os TRFs estarem em alta em razão das novas vagas abertas. A prova não tem norte, alguns examinadores são extremamente excelentes e demonstram que pensaram bem a prova, como a Dra. Duprat (invariavelmente, ela é sempre ótima), mas em outros casos...

    Parece que o MPF faz questão de perder bons candidatos. Até com a data da segunda fase da magistratura federal eles fizeram questão de coincidir (a data marcada pelo TRF2 foi com muita antecedência, e era apenas no domingo, não custava nada terem mandado fazer a prova no sábado). Eu passei para todas as segundas fases dos TRFs abertos, e até agora só fui reprovado no TRF4. Com toda sinceridade, não há condições de estudar profissionalmente para um concurso tão instável, e que cobra res divinis juris e outros arcaísmos na prova objetiva (como pude constatar pelos meus colegas que fizeram a prova), e na subjetiva realiza correções sem manter o mesmo critério de correção. O concurso tem que ter uma pedra fundamental, e a minha opinião é que o concurso do MPF decididamente perdeu a pedra de toque. Cada examinador tem um critério diferente, e nem o mesmo examinador não conserva o mesmo critério na correção das provas subjetivas. Acho que agora é a vez da magistratura federal.

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  9. Falam que o concurso de PR é o mais difícil do Brasil. Não juridicamente mais difícil como os TRF's, instavelmente mais difícil. Nos TRF's se você estudar muito, muito mesmo sabe que a consequência é a aprovação, ainda que demora. Já no MPF se você estudar muito, muito mesmo pode ser que não passe nem na primeira fase. Se você ler todos os livros de civil dos escritores "atuais" pode não acertar sequer uma questão na prova. É evidente que as pessoas vão desistir e desanimar. Questões com pegadinhas (lei 11.340 e não 11.343) excluem os candidatos bem preparados que certamente logo serão juízes federais.

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  10. Esse concurso eu não entendi. Gastam uma fortuna, pra fazer um concurso nacional, pra aprovar uma boa parte daqueles que já estavam classificados para a prova oral. Quanto desperdício...

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  11. Quando sai o bendito gabarito?

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    1. A previsão é de que o gabarito oficial saia no dia 17 de fevereiro.
      Um abraço!

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  12. Gostaria de ter feito a prova, não pude ir porque minha mãe faleceu na véspera. Vou tentar fazer a prova antes da publicação do gabarito, espero que possa ter algum aproveitamento com isso e confirmar suas percepções acima postadas. Abraço

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  13. Pesquisei sobre a pena de transferência no caso dos Kaingang, mas nada encontrei sobre o tema. O senhor poderia comentar essa questão 93 do 26º concurso? Obrigada. Um abraço. Ana

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