terça-feira, 22 de setembro de 2015

Para os graduandos: o motivo de se fazer uma boa faculdade

Eu já disse aqui, mais de uma vez, que minha dica mais importante para um graduando que quer passar em concurso é: faça uma boa faculdade. Nada de fazer cursinho enquanto estuda. No cursinho, a matéria é sempre ministrada com muita rapidez. Se você não tem base suficiente para entendê-la, você vai ter muita dificuldade para acompanhar as aulas. Em outras palavras. O professor de cursinho é como um cara jogando tijolos para você. Se você tiver um alicerce, pode transformá-los em uma parede. Caso contrário, você só leva tijolada na cara. 

Também já disse que fazer uma boa faculdade é muito diferente de fazer uma faculdade boa. Não interessa o quão renomada seja a sua faculdade se você não estuda mais do que para tirar 6 (ou 5, ou 7, ou qualquer outra que seja a nota mínima). Contentar-se com isso é a receita para o fracasso. Ir além, querer mais é o jeito de ser um candidato de sucesso.

Além disso, ser um bom aluno na faculdade faz com que você se acostume a estudar. Muita gente acha que existe uma fórmula mágica que, depois de 5 anos de sexo, drogas (lícitas, eu espero) e rock n'roll vai transformar um aluno displicente em um estudante modelo. 

Esqueça. Estudar é exatamente como fazer exercícios físicos. Se eu me levantar hoje e resolver que vou correr 42 km só vou conseguir acabar morto. Se alguém que nunca estudou resolve que hoje vai passar a estudar 14 horas por dia, a única coisa que vai conseguir é não aproveitar o seu dia. Eu garanto que o seu grau de absorção da matéria será muito baixo e que você vai parar em 2 semanas. 

Esses dias, um leitor, Caio Souza, comprovou, com uma maravilhosa história de sucesso, a minha tese. Recebi o seguinte e-mail, que ele me autorizou a divulgar:


"Boa tarde, professor.
Este é o segundo e-mail que envio para o sr. O primeiro não foi respondido.
Mas não se preocupe: eu entendi o seu silêncio.
Àquela época, havia sido aprovado em vários testes seletivos para estagiários, sendo a maioria em primeiro lugar.
Com aquela idade (talvez 20 anos), e ainda no quinto semestre, eu busquei sua orientação para o concurso do MPF. Perceba a audácia desse jovem rsrs.
Pouco tempo depois, li no seu blog a tarefa de quem ainda cursa a graduação: fazer uma boa faculdade.
Pronto. Estava ali a orientação que eu tanto queria.
De lá pra cá, dediquei-me o quanto pude para o curso de Direito da UFPI.
O resultado, meu amigo professor, foram duas aprovações nos dois únicos concursos que fiz na vida: PGE-BA e PGE-PI.
O primeiro passei no penúltimo semestre do curso; o segundo, no último. O detalhe é que, na PGE-PI, fui aprovado em 8º lugar com 23 anos.
O resultado deste último concurso saiu há alguns dias, mas lembrei de agradecê-lo somente hoje porque recebi outra notícia: serei laureado por ocasião da colação de grau, pois obtive o maior rendimento acadêmico da turma.
"Preocupa-te em fazer uma boa faculdade", certamente, foi o silêncio mais importante da minha vida.
Estou profundamente feliz.
Obrigado, professor!

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