sexta-feira, 25 de abril de 2014

Tempos mortos

Um dos principais problemas, sem dúvida alguma, do estudo de concursos, é o bom aproveitamento do tempo. Para quem trabalha, a questão é achar horas do dia para estudar. Chegar em casa cansado e ainda passar horas estudando não é, seguramente, uma coisa fácil de se fazer. Por outro lado, quem não trabalha, tem o problema de otimizar o tempo de estudo, uma vez que ele parece existir em excesso. Portanto, vamos por partes. 

Existe uma expressão, muito utilizada pelos processualistas, que é chamada de tempo morto. O tempo morto no processo é o período que o processo passa sem ser movimentado, aguardando uma providência burocrática. Por exemplo, entre o protocolo da petição e a juntada da mesma ao processo, existe um tempo morto. Um dos benefícios do processo eletrônico é, aliás, acabar com os tempos mortos. 

Para o estudante/trabalhador, acho que otimizar os tempos mortos pode ser uma opção atraente. Se você tem uma hora e meia de almoço e gasta só uma hora para almoçar, use essa meia hora como tempo de estudo. Parece muito pouco, mas, ao final da semana, você terá estudado 150 minutos (quase 3 horas) a mais em uma semana. Em um mês, serão mais de dez horas de estudo, o que não é nada desprezível.

Para esse método funcionar, entretanto, você tem que ter um bom método de fixação. Algo que permita que você retome a leitura, no dia seguinte, sem se esquecer do que leu no dia anterior. É que ler as coisas em pequenos pedacinhos é mais difícil. Mas não é impossível. Se você fizer um resumo ou grifar criteriosamente o que leu no dia anterior, você pode reler rapidamente esse trecho no dia seguinte e retomar de onde parou. 


Portanto, procure evitar ritualizar o estudo. Tive um estagiário e aluno, o qual agora tenho a honra de ter como colega, que uma vez me disse que só conseguia estudar uma hora inteira. Se ele não tivesse uma hora inteira para estudar, não estudava nada. Eu disse a ele que ele precisava de um psiquiatra! (ou, pelo menos, ele me contou isso, anos depois. Soa como algo que eu diria, mas eu realmente não me lembro de ter dito). Mas disse isso com boa intenção. Acho que quem se condiciona a estudar apenas sob condições ótimas, como dizem os entendidos de plantão (ambiente silencioso, bem iluminado, com uma boa cadeira etc.) está se privando de um valioso tempo de estudo. Eu sempre estudei em qualquer lugar. No ônibus, em ambientes barulhentos, enfim, tentava dar o melhor uso possível ao tempo que eu tinha disponível. E acho que esse foi, para mim, um importante fator de aprovação, uma vez que eu também já trabalhava enquanto estudava. 

O outro lado da moeda é o estudante exclusivo. Aqui os riscos são outros, mas igualmente grandes. Ter tempo demais pode te condicionar a avançar devagar demais. Sabe aquele trabalho que você tinha tanto tempo para fazer que acabou terminando na véspera? É exatamente isso. Quem tem tempo demais, costuma achar que avançar lentamente é melhor. Estudo lento não é sinônimo de estudo de qualidade. Estudar com qualidade é fixar o que estudou. Se você consegue fazer isso em 15 minutos, excelente. Se você leva uma hora, pior pra você. Assim, quem tem muito tempo para estudar deve sempre agir como se tivesse pouco, buscando estratégias para otimizar o estudo. Mais uma vez, fica a dica de leitura de minhas várias postagens sobre métodos de fixação. 

O outro problema de quem tem muito tempo de estudo é o conhecido “jaque”. “Já que você está aí, leve o cachorro para passear”, "já que você está aqui, troque a lâmpada” e por aí vai. Limite você mesmo e sua família em relação o “jaque”. Tempo de estudo é tempo de estudo. Não fique interrompendo isso a todo momento. Procure tratar o estudo como um trabalho. Durante o horário que você reservou para ele, sua obrigação é apenas com ele. Aja como se não existisse alternativa, tal como no trabalho. Tenha compromisso com você mesmo. 

Lidar bem com o tempo é mais que um passo importante. É essencial para o sucesso.     

3 comentários:

  1. Olá Professor!
    De fato, no meu histórico de estudos nesses dois anos pude constatar algo que vai ao encontro do que relatou. Eu trabalho 8h por dia (9h contando com 1h de almoço. Já sou servidor, mas de nível médio), ou seja, tenho um tempo bem curto. Durante a semana, eu me rebolo pra conseguir todas as brechas possíveis pra estudar, independente do lugar. No meu trabalho eu viajava bastante durante o tempo, ou seja, quebrava a rotina, mas mesmo assim conseguia bons resultados no estudo otimizando todos os tempos possíveis. Outro detalhe é que meu trabalho exige muita produção intelectual, o que quer dizer que queimo muito a cabeça no dia, o que já me cansa bastante. No entanto, durante esse período (até hoje mesmo), constatei algo: eu rendo infinitamente mais durante um dia da semana do que no meu sábado que, em tese, deveria ser livre. Incrível isso! E olha que sou muito disciplinado!!!! É impressionante como no sábado os estudos andam a passos bem mais lentos (quando ocorrem a contento) do que em qualquer dia da semana que tenho bem menos tempo.
    O domingo, então, nem se fala, pois aqui já entra aquela preguiça, enfim.
    No entanto, mesmo com esse cenário, meus estudos da semana já me renderam ótimos resultados em concursos jurídicos. Estou bem colocado em um de analista (com probabilidades de ser nomeado ainda esse ano), relativamente bem em outro de oficial de justiça e mais ou menos em outro de analista, também.
    Digo isso não pra me gabar e dizer que mesmo sem aproveitar o meu final de semana de forma ideal pra estudar eu consegui bons resultados. Não! Apenas pra relatar que mesmo encontrando, digamos, obstáculos rotineiros a serem administrados (em relação a trabalho, viagens a trabalho, ainda o fato de ter que fazer atividades domésticas, pois não moro com meus pais) eu consegui, com muito esforço, dar um upgrade em meus estudos, o que me logrou alguns resultados consideráveis.
    Vejo colegas meus de trabalho que moram com os pais (ou seja, não tem atividades domésticas pra fazer) e não têm namorada pra dar atenção reclamando de falta de tempo pra estudar, tirando licenças só pra estudar ou outros afirmando que só vão se dedicar quando tiverem licença, ou forem pra um setor que o permita. Enfim, isso fica muito claro que tudo vai do "querer" da pessoa, que cada um se impõe seus próprios "obstáculos". Fato é que ficar esperando a "hora certa", as condições consideradas "ideais" para se estudar, já era, é tempo perdido.
    Da mesma forma que eu, existem uma série de outras pessoas que superam todos os ditos obstáculos e conseguem aprovação em concursos que exigem ainda mais. Na verdade, eu me vejo ainda com muita sorte, pois apesar do contexto e de já ser casado, ainda não tenho filhos para ser outro fator a ser administrado na hora do estudo.
    Abraços,

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  2. Professor,

    Obrigado pelas dicas. Qual a previsão da publicação de um livro de questões do mpf feito por quatro autores que tinhas comentado em seu blog?
    att.
    Marco

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  3. Professor, visito sempre o seu site na esperança de um artigo novo e me deparo com esse texto. Sempre sensato e preciso e motivador. Obrigada pelo presente. Sucesso!!!!

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