quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Ordem e método: especial de fim de ano. A dor é necessária e o sofrimento, é opcional?

Um tema que eu considero sinceramente fascinante acerca da preparação para concursos é a questão do sofrimento. Existe uma visão corrente de que o sofrimento é condição para a aprovação. É preciso sofrer para ser aprovado. Então, nessa época do ano, é muito comum ver pessoas anunciando nas redes sociais, com orgulho, que não estão aproveitando as festas e sim se “preparando para a guerra” e outras analogias com batalhas.

Confesso que já fui assim. Acho que isso tem a ver com nossa percepção de merecimento. Só nos julgamos dignos de uma conquista quando sofremos. A conquista é a redenção que vem pelo sofrimento.

Tudo isso é bobagem. A dor é necessária para se passar em um concurso público. Por muito brilhante que alguém seja, terá que se privar de fazer muitas coisas que gostaria para estudar. É que o concurso exige fundamentalmente acúmulo de conhecimento, de modo que a capacidade intelectual é um facilitador, mas não resolve tudo. Quem promete que vai ensinar alguém a passar em concurso de modo indolor é charlatão.

Mas o sofrimento é opcional. O sofrimento é a autoimposição de uma dor inútil. É querer usar a dor como justificativa, como caminho para a aprovação. É achar que, porque sofri, tenho mais direito de ser aprovado.

O objetivo de quem estuda é, parafraseando os utilitaristas, maximizar o proveito e minimizar a dor. Não é vantagem aprender muito sofrendo muito, mas sim aprender muito sofrendo o mínimo possível.

É por isso que eu acho que, a não ser que você esteja inscrito em um concurso com prova em janeiro, não deve estudar no recesso de fim de ano. Isso é sofrimento desnecessário. Você vai se privar das festas, da companhia da família, em troca de um conhecimento que você poderá facilmente adquirir nas primeiras semanas do ano. Aproveite esse período para limpar sua mente, descansar do esforço do ano que passou e se preparar para os desafios que virão.

Além disso, o sofrimento não garante a aprovação. Ninguém passa porque sofreu. Passa porque adquiriu os conhecimentos necessários. A busca deve ser adquirir esses conhecimentos do modo menos sofrido, ainda que doloroso. Esse é o objetivo de todas as técnicas de estudo sérias, como as que eu proponho aqui no blog. Concordo plenamente com quem diz que o segredo para a aprovação é sentar e estudar. É mesmo. O problema é que tem gente que, mesmo sentando e estudando muito, não passa, porque não consegue tirar dessa dor o conhecimento necessário. Assim, a dor é só sofrimento, sem proveito. O que proponho aqui são mecanismos que possam ajudar o estudante a tirar o máximo proveito dessa dor.

A dor será sempre necessária, mas o sofrimento, acreditem, é opcional. Então, se você não tem prova marcada para janeiro, largue os livros, aproveite o reveillon e volte no dia 07 com força total. 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Ordem e método 3: o sonho do cargo público

Depois de seguir a orientação do post anterior com absoluta sinceridade você terá uma noção de onde você está em termos de proximidade de seus objetivos. Fui um aluno estudioso? Tenho boa base? A partir daí você terá mais condições de traçar seu objetivo em termos de cargo público.

Num dos primeiros posts deste blog (veja aqui) eu disse que cargo público não é uma corrida em que aprovação é a linha de chegada. Cargo público é o início de uma longa carreira, que consumirá praticamente toda a sua vida. Por isso, é muito importante fazer alguma coisa que você goste ou que, pelo menos, não deteste. Mas não sou nem romântico nem alienado e sei que a maioria das pessoas está mais preocupada em passar do que com o cargo que vai ocupar.

Acho que as duas situações têm que ser trabalhadas com ordem e método. 

Caso 1: pessoas que têm o sonho de ocupar determinado cargo. Tome cuidado para que o sonho não te sabote. O sonho deve ser fonte de estímulo, não de estresse. Se esse sonho faz com que você chegue no dia da prova tremendo, achando que sua vida vai acabar se não passar (talvez, de novo) naquela prova, é o momento para repensar isso. O cargo não pode ser maior que você mesmo. Abra um pouco o leque e passe a fazer outras provas, para reduzir a pressão.

Caso 2: pessoas que fazem tudo o que aparece. Tome cuidado para não perder o foco. Fazer concursos para ANAC, Banco Central, MPF, Juiz estadual, tudo ao mesmo tempo, fará com que você tenha que estudar muita legislação específica que cai em cada um deles, mas não cai nos outros. Isso é muito ruim. Escolha um concurso como meta de estudos e foque seus estudos no programa dele. Para fazer outras provas, procure concursos de programas relacionados, de modo que o estudo possa ser aproveitado.

Minha consideração final é: estabeleça metas alcançáveis. É ótimo ter o sonho de ser Procurador da República. Mas se você ainda está no meio da faculdade, você tem outras preocupações mais importantes. Se você acabou de se formar e ainda tem que cumprir o período de efetivo exercício, não se bitole fazendo apenas o concurso do MPF. Você pode até estudar pelo programa do MPF e, como ele engloba praticamente tudo, aproveitar o estudo para ir fazendo outras provas. A aprovação em concursos mais fáceis te dará a força que você precisa para continuar perseguindo seu objetivo final.

Vou terminar com uma citação muito profunda para quem tem a minha idade: “Para voar, deve aprender primeiro a se erguer e a andar. Não se pode voar num relance”. Segundo Akeem, o personagem de Eddie Murphy em “Um príncipe em Nova York”, essa frase é de Nietzsche. Eu não sei se é. Mas a considero verdadeira.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Ordem e método 2

Meus amigos, na última oportunidade tratávamos da necessidade de ordem e método para os estudos (como isso já tem algum tempo, talvez seja interessante reler a primeira parte do texto, que está neste link). Você já seguiu a sugestão do post passado e escreveu sua linha geral de concursos: objetivo, tempo e espaço, ponto de partida, metodologia e método de fixação? 

O assunto que quero abordar hoje é o ponto de partida. É impossível chegar a algum lugar sem saber onde você está. Vejo cada vez mais pessoas se preocupando em como estudar para o concurso de Procurador da República no 2º período de faculdade. Isso está errado. Adotar essa postura fará com que você distorça os objetivos da faculdade, perdendo o foco de minha dica número 1 para quem ainda é estudante: faça uma boa faculdade. 

Existe uma coisa que eu chamo de senso ou raciocínio jurídico. É a habilidade de inferir respostas para problemas (e questões) a partir de um conhecimento geral do ordenamento e de como o direito funciona. Eu considero o senso jurídico uma das ferramentas mais valiosas do candidato. Com editais cada vez maiores, é impossível saber tudo. Aí entra o senso jurídico. 

“Certo, e onde isso está à venda”? Isso se adquire fazendo uma boa faculdade. Fazer uma boa faculdade é diferente de fazer uma faculdade boa. Faculdade boa é algo externo. Boa faculdade depende de quanto você leva à sério a faculdade e busca ir além do simples conhecimento transmitido pelos professores. Aqui entre nós, tem muito “professor” por aí que simplesmente lê um livro e parafraseia para a turma. Por melhor que seja sua faculdade, depende de você querer ir além, buscar outros conhecimentos, aprofundar o que é ensinado. 

Se eu pudesse fazer os estudantes de direito entender uma única coisa, seria essa. Para se formar em direito basta permanecer respirando por cinco anos. Não sei por que razão, quase não se reprovam alunos em direito, diferentemente do que acontece na engenharia, por exemplo (será que os engenheiros são mais burros do que nós?). Isso ilude o aluno no sentido de que o conhecimento transmitido pelo professor e o fato de ter tirado boas notas o transformam em um bom candidato. Se você não foi além, é possível que isso não seja verdade. 

E aqui eu estou incluindo aquelas matérias teóricas, que ninguém dá importância. As ICD, TGD, TGE, IED e outras siglas mais. São essas matérias que vão formar sua base de raciocínio. 

Por isso, meu convite de hoje é: faça um exame de consciência. Eu fiz uma boa faculdade? Eu tenho raciocínio jurídico? Eu consigo inferir resposta a perguntas mesmo sem saber exatamente como aquilo é regulamentado? Qual a bagagem de conhecimento que eu já tenho para começar os estudos para concurso. 

Se você for mesmo metódico, o melhor é repetir esse exame em relação a todas as matérias. Quando iniciei meus estudos eu sabia exatamente em quais as matérias eu era bom (administrativo, processo civil) e quais eu era praticamente analfabeto (penal, trabalho). Mesmo tendo feito uma faculdade boa e uma boa faculdade, isso decorreu da diferença entre os professores, de meu desinteresse pelas matérias, das experiências que tive como estagiário etc. Com esse autoexame, eu sabia exatamente por onde tinha que começar os estudos. 

Por fim, seja sincero consigo mesmo. Reconheça suas fraquezas. Não caia nessa de sair competindo com colega de cursinho. Se você tem deficiências, pense em como solucioná-las ao invés de ficar negando-as. Conhecer suas deficiências vai ajudá-lo a definir seu rumo e escolher o concurso certo. É isso que tratarei no próximo post

domingo, 2 de dezembro de 2012

Curso para a prova oral da AGU

Meus amigos, outro dia estava ajudando um amigo meu a se preparar para uma prova oral da magistratura estadual. Mesmo sem conhecer a banca, resolvi ajudá-lo. A prova oral é mesmo muito interessante. Ela exige algo de nós que temos pouco costume de fazer: lidar com o inusitado. Mesmo o melhor e mais preparado candidato corre o risco de travar se não estiver bem preparado. E bem preparado, em uma prova oral, é muito mais que conhecimento. 

Pergunte a qualquer um que já foi reprovado em uma. 

Por essa razão resolvi atender aos pedidos que recebi por e-mail e montar um curso para a prova oral da AGU. Será apenas no sábado, dia 8, em São Paulo, começando pela manhã e indo até a hora que for preciso. Há um número grande de candidatos aprovados para a oral, de modo que o risco de reprovação existe. 

Preparei um programa especial para o curso, que está baixo. O curso está divulgado no site do Verbo Jurídico, mas quem tiver dúvidas pode encaminhá-las para o Daniel, no telefone 51.81423797 e e-mail daniel@verbojuridico.com.br . O curso, mais uma vez, é limitado a 15 participantes, de modo que todos possam ser ouvidos individualmente. 

Assim como já ajudei 53 pessoas a se tornarem Procuradores da República, espero poder auxiliar alguns novos Advogados da União. 

Manhã: exposição geral acerca da prova oral.

1 – O que é verdadeiramente avaliado em uma prova oral?

2 – Por que não devemos subestimar uma prova oral. Os riscos.

3 – O que estudar até o dia da prova

4 – Como se preparar psicologicamente para a prova oral

4.1 Chegar a Brasília com antecedência?

4.2 O sono na noite anterior

4.3 Medicamentos

4.4 Aguardando sua vez

5 – Como se vestir para a prova oral

6 – Preparação: para além do conhecimento. As três regras de ouro de uma prova oral: treino, demonstração de conhecimento e o esquecimento do passado.

7 – Como são as perguntas em uma prova oral.

8 – Como se portar no momento do exame: forma de se assentar (posição das pernas e da cadeira), de se dirigir ao examinador, de controlar o microfone, para onde olhar, como lidar com o paletó.

9 – Gestos durante a prova oral e os vícios gestuais.

10 – Colocação da voz: o problema dos vícios de linguagem o do sotaque. Como limpar a voz antes da prova. Os problemas extras dos fumantes. Tomar água durante o exame?

11. Respiração.

10 – Como formular suas respostas:

10.1 Como são as perguntas de uma prova oral.

10.2 O que fazer se você sabe

10.3 O que fazer se você sabe parcialmente

10.4 O que fazer se você não sabe nada

10.5 Como dançar conforme a música do examinador e como fazer sua própria música. Como conduzir a sua prova sem desrespeitar a autoridade do examinador.

11 – Esclarecimento de dúvidas

Tarde:

Dinâmica coletiva. Realização de alguns simulados de prova oral com os candidatos que se voluntariarem, para correção coletiva de erros. 

Nivelamento de conhecimento. Discussão de questões atuais que podem ser objeto de prova. 

Atendimento individual. Esclarecimento de dúvidas pessoais e realização de simulados individuais com os candidatos que preferirem não ser assistidos pelos demais. 

Cada aluno terá oportunidade de ser avaliado pessoalmente pelo professor, durante aproximadamente 15 minutos, perante os colegas ou isoladamente. A atividade será composta das seguintes fases: 

1 – arguição simulada pelo professor

2 – comentários sobre a performance do aluno

3 – esclarecimento de dúvidas individuais que o aluno queira apresentar